Acre
Há mais de 50 anos, Rio Branco ganhava segundo aeroporto construído no meio da floresta
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Há mais de 50 anos, a capital acreana Rio Branco ganhava seu segundo aeroporto que foi construído no meio da floresta, nas terras da fazenda Nemaia. Construído por volta de 1964, após um decreto de desapropriação, o Aeroporto Presidente Médici levava o nome de um político e militar brasileiro, que foi o terceiro presidente na ditadura militar.
Aeroporto Presidente Médici foi construído por volta de 1964 e operou até as 23h59 do dia 16 de novembro de 1999. Atualmente prédio está sem uso devido processo de inventário.
Conforme a Infraero, o aeroporto atendia à aviação geral e regular, ligando a região Norte do país a todos os grandes centros, utilizando, geralmente, aeronaves do tipo Boeing 737.
Um dos proprietários das terras, o empresário Jimmy Barbosa, contou que o decreto de desapropriação foi instaurado por volta de 1964 e, logo no ano seguinte, a estrutura do aeroporto passou a ser construída pela Comissão de Aeroporto da Região Amazônica (Comara). Segundo ele, depois disso, a administração do local passou para a Infraero.
“No ano de 1964, surgiu a necessidade da construção desse aeroporto. Entraram na área, baixaram um decreto desapropriatório, que não se consumou. Em 1974, o governador Dantas cancelou esse decreto alegando falta de recursos para o pagamento das terras. Tudo isso, sem nunca ter recebido nenhum centavo de aluguel. Foi quando entramos com uma ação e o processo está continuando até agora”, afirmou Barbosa.
Pista do Aeroporto Presidente Médici contava com 2,6 mil metros por 45 metros — Foto: Américo de Mello/Arquivo pessoal
Estrutura e voos
A Infraero informou que o aeroporto operou de 1973 até as 23h59 do dia 16 de novembro de 1999. A pista contava com 2,6 mil metros por 45 metros. Já a área do terminal de passageiros era de 900 m².
O terminal contava com dois voos regulares diários e diurnos de duas empresas aéreas, além dos voos regionais, até os últimos dias de operação. O prédio tinha sala de embarque e desembarque de passageiros, além de espaços comerciais.
O aeroporto foi desativado, segundo a Infraero, porque, além de já não atender a demanda operacional na época, a Justiça decidiu que as terras ocupadas pelo sítio aeroportuário deveriam ser devolvidas aos antigos donos.
Mas, de acordo com o empresário, o motivo mesmo para o aeroporto ter sido desativado foi a decisão da Justiça Federal. “Não foi propriamente porque não atendia à demanda, foi porque nós ganhamos o processo, a reintegração de posse, expedida pela Justiça Federal. E eles tiveram que sair”, afirmou Barbosa.
Antigo aeroporto de Rio Branco está abandonado por conta de processo de inventário — Foto: Iryá Rodrigues/G1
Prédio abandonado
Atualmente, o prédio onde ficava o aeroporto está abandonado devido um processo de inventário. Parte do terreno é alugado para alguns comércios e cerca de 400 mil metros quadrados foram doados, em 2009, ao Estado para construção da Avenida Amadeu Barbosa, que recebeu o nome do pai do empresário em uma homenagem.
“Hoje não tem nada lá, estamos em processo de inventário para divisão. Então, decidimos manter isso parado. Há poucos anos houve a doação no governo do Binho Marques, a custo zero para o Estado. Fora a pista do aeroporto, o governador solicitou mais 30 metros de cada lado. Na época, o governador falou que queria colocar o nome do meu pai na avenida em ato de reconhecimento”, contou o empresário.
Aeroporto foi desativado após decisão judicial de desapropriação — Foto: Américo de Mello/Arquivo pessoal
Último voo
No último dia de operação do Aeroporto Presidente Médici, uma aeronave de linha área regular decolou com destino à cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. No voo de retorno, a aeronave já pousou no novo aeroporto de Rio Branco, cuja operação iniciou-se à 0h do dia 18 de novembro de 1999.
Conforme a Infraero, as obras do Aeroporto Internacional de Rio Branco Plácido de Castro foram iniciadas rapidamente para atender ao fluxo de passageiros e cargas na região após a desativação do antigo prédio.
O nome é uma homenagem ao político gaúcho que viveu no Acre e, aos 27 anos, liderou a Revolução Acriana, vencendo o exército boliviano.
Empresário Jimmy Barbosa conta história do local onde foi construído segundo aeroporto de Rio Branco — Foto: Iryá Rodrigues/G1